As exportações registradas nos últimos 12 meses em Mato Grosso do Sul, atingiram números históricos e impactantes no agronegócio brasileiro. O Estado encerrou o ano de 2023 com o saldo de US$ 7,56 bilhões, valor que, convertido pela cotação da última sexta-feira (5), representa R$ 36,9 bilhões, quase R$ 37 bilhões
O Correio do Estado procurou especialistas para entender o que esses números podem impactar na economia do Estado. Para o economista Eduardo Matos, da Agricon Consultoria, o ano de 2023 foi bastante impactado pelos problemas climáticos, mas a inovação e a tecnologia amenizou o que seria de negativo para a economia local e acredita que a permanência das indústrias da Arauco e Suzano, refletiu demais no saldo final da balança comercial.
"Tivemos enormes impactos por causa da seca e da falta de chuvas no Estado, mas os incentivos das indústrias e principalmente as exportações da carne bovina e também da carne suína, gerou esses números positivos para a nossa economia", detalhou.
Matos ainda especificou o que vem trazendo bons números para a nossa economia. " Um desses pontos positivos foi a Rota Bioceânica, mas tenho analisado uma peculiaridade dessa cadeia específica de investimento. Além da carne bovina, suína e a soja, temos também as exportações de proteína e o cooperativismo, que é a colaboração entre empresários do Estado. Hoje os Estados Unidos é exemplo dessa união e Mato Grosso do Sul vem se destacando e colhendo bons frutos", detalhou
Outro que também tem a mesma visão, é o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho, Staney Barbosa Melo. Os números positivos de R$37 bilhões foram realizados pelo trabalho árduo do cooperativismo entre setores produtivos.
"Vejo esse resultado a manifestação de um trabalho árduo realizado no agronegócio do Estado, que responde pela maior parte das vendas de fora do país. As exportações de soja em Mato Grosso do Sul, por exemplo, somaram sozinhas US$3,94 bilhões em 2023, o que equivale a quase 40% de todas as exportações do estado", detalhou
Questionado sobre 2024 com números ainda mais históricos, o economista foi positivo em dizer que acredita sim em um ano ainda melhor, mas os problemas causados pelo El Niño ainda podem impactar no cenário local que precisa de cuidados.
"Os problemas climáticos enfrentados em 2023 terão reflexos na safra deste ano. Não sabemos ainda qual será a real dimensão dos prejuízos causados pelo El Niño, tão pouco os impactos diretos que o fenômeno irá causar em nossa balança comercial. Ainda assim, é possível crer que teremos bons números de exportação deste ano, superando até mesmo os de 2023, só que com a mudança na conjuntura internacional e a retomada de ritmo no comércio global, é provável que veremos uma recuperação das importações em Mato Grosso do Sul, o que afetará o resultado da nossa balança comercial" relatou.
Já o secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck comemora os números históricos, apresentados.
"Nós vimos que o Brasil teve um recorde no seu superávit em 2023 e o Mato Grosso do Sul também demonstrou um dinamismo muito forte na balança comercial. É importante destacar que, nesse dinamismo da balança comercial, nós mostramos a nossa força no crescimento do estado. Um dos elementos é a capacidade de exportação. Mato Grosso do Sul termina o ano com um recorde de exportação. Nós exportamos em dólar mais de 10,517 bilhões", comenta o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.
Como relatado pelos especialistas acima, o secretário da Semadesc também vê as exportações da carne bovina, da soja e outros elementos como o açúcar e o minério de ferro, impulsionando a economia do Estado nos próximos anos.
"Soja e celulose seguem se destacando, mas nós tivemos outro movimento importante. O milho, que respondeu por praticamente 10% das exportações, com cerca de US$1 bilhão. Também tivemos bom desempenho no açúcar, farelo e na carne bovina. Outra boa surpresa foi a ampliação da exportação de minério de ferro", acrescentou o titular da Semadesc..
O ano de 2023 foi o ano em que o estado de Mato Grosso do Sul teve o maior saldo na balança comercial de toda a sua história. Com um período de 12 meses recorde para as exportações e com uma leve redução nos valores importados, o Estado encerrou o ano passado com um saldo de nada menos que US$ 7,56 bilhões, valor que, convertido pela cotação de sexta-feira (5), representa R$ 36,9 bilhões, quase R$ 37 bilhões.
Para efeito de comparação, os R$ 36,9 bilhões de saldo deixam para trás os R$ 22 bilhões do Orçamento do estado de Mato Grosso do Sul do ano passado, ou mesmo os R$ 25,4 bilhões previstos para este ano.
O expressivo saldo na balança comercial de Mato Grosso do Sul em todo o ano de 2023 deve-se, sobretudo, ao aumento nas exportações. No ano passado, o Estado exportou US$ 10,5 bilhões, valor 28,1% maior que os US$ 8,2 bilhões exportados durante todo o ano de 2022.
Para contribuir com o sucesso da balança comercial de Mato Grosso do Sul no ano de 2023, as importações tiveram queda de 10,8%. Enquanto em 2022 o Estado importou US$ 3,3 bilhões em mercadorias, no ano passado foram importados US$ 2,95 bilhões em produtos.
O mês que Mato Grosso do Sul mais vendeu ao mercado externo foi maio de 2023: as exportações naquele período superaram a casa de 1 bilhão de dólares, mais precisamente US$ 1,21 bilhão.
Os números oficiais das importações e das exportações no Brasil foram divulgados neste fim de semana pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Fonte: Acrissul